PERFECCIONISMO

O Perfeccionismo tem o Capitalismo como presidente deste grande clube. O presidente sabe dos vazios de estima e suas ramificações densas e profundas dos afiliados. O Capitalismo é jogador e mágico. Motiva os adeptos através da ilusão. Faz equivalências extraordinárias. Leia-se: Ter = Ser e largar a âncora no modo "fazedor compulsivo". Quanto mais trabalharmos, mais temos. E, quanto mais "teres" acumularmos, mais e melhor somos. 

O pior é que o Capitalismo é o eterno insatisfeito. E, por osmose, faz ressoar a crónica insatisfação nas pessoas que, por vicissitudes das suas histórias, não desenvolveram o apreço por si. Os perfeccionistas - adeptos do Perfeccionismo - procuram refúgio no rigor. E qual o contexto mais favorável para a sua aplicabilidade? O do trabalho. São grandes produtores e cumpridores nos seus locais de trabalho. Muitos são tremendamente competitivos e equivalem ócio a pecado. É como se o fantasma do desmerecimento os assombrasse. A tirania que lhes habita o telhado (a única divisão da casa minimamente confortável), não permite que desfrutem de uma sala para diversão ou de um quarto para descansar. Não usufruem plenaMENTE da casa. No fundo, não sabem ser casa.

Trabalhar bem pode ser motivo de admiração. Torna-se perturbação quando passa a disfarce de uma purificação ditatorial do ser. É flagrante o jeito que dá ao sr. presidente ter cada vez mais e mais aficcionados da perfeição. Produtividade = lucro. Equivalência vitalícia. 

Um olhar renovador e lúcido urge, na esperança de alimentar auto-simpatia, que a seu tempo, se tornará empatia. Só empatia, com capacidade de revolta por quem e o que nos desrespeita, fará estilhaçar o ódio latente que faz manter a adesão a este clube tirano tão lucrativo para uma elite.